Publicado por Drª Kellen R. Silva
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DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO E APRENDIZAGEM

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Há uma grande dificuldade em caracterizar os distúrbios de aprendizagem e comportamento devido à ampla margem de aspectos englobados e as diferentes formas de classificar.

A etiologia é variável e envolve questões neuropsicológicas, pedagógicas e genéticas, sendo que o maior problema é realizar a diferenciação entre retardo mental, TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) e dislexia.

“Distúrbios de aprendizagem é uma expressão geral que se refere a um grupo heterogêneo de distúrbios, manifestados por dificuldades significativas na aquisição e no uso de capacidades de atenção, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes distúrbios são intrínsecos ao indivíduo, supostamente devido a uma disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo da duração da vida. Problemas em comportamentos auto-reguladores, percepção social e interação social podem coexistir com distúrbios de aprendizagem, mas não consistem, por si só, em distúrbios de aprendizagem.

Embora distúrbios de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, prejuízo sensorial, retardo mental, distúrbio emocional grave), ou com influências extrínsecas (como diferenças culturais, instrução insuficiente ou inadequada), elas não são decorrentes destas condições ou influências. ”(Problemas de Aprendizagem Relacionados à Linguagem – sua natureza e tratamento. – Adele Gerber – artes Médicas1996)”.      

Já a Dislexia é um distúrbio de aprendizagem de origem constitucional, apresenta seus sinais mais marcantes quando a criança aprende a ler; é caracterizada por uma disfunção na área de leitura e escrita do cérebro.

O rotulo de criança com dislexia surgiu nos fins da década de 80 e início de 90, sendo que muitos educadores adotaram esse diagnóstico apenas para indicar uma dificuldade para ler e escrever. Pesquisas comprovam que de 10% a 15% da população possui Dislexia. A dislexia não provém de um déficit nos processos periféricos da audição e visão, nem de deficiências nos processos verbais superiores ou inteligência. A dislexia constitui um conjunto de sintomas específicos que implicam em disfunções subcorticais e corticais freqüentemente de origem constitucional, que afetam o aprendizado da linguagem escrita. (DSM-IV, 1995; Camargo, 1996; Alvarez, 1999; Ciasca, 2003). Há evidências que sugerem um padrão geneticamente determinado.

O TDAH é uma síndrome neuropsiquiátrica comum, que se inicia na infância, tornando-se mais comumente aparente durante os primeiros anos escolares. Pode estar associado a uma série de condições psiquiátricas comórbidas, ao comprometimento do desempenho acadêmico, além de causar perturbações emocionais (tanto para o paciente como sua família) (Diagnóstico e Tratamento do Distúrbio por Deficiência de Atenção /Hiperatividade em Crianças e Adolescentes – Goldman et al- JAMABrasil, julho1998 vol2-Nº6).

Foi descrita clinicamente em 1902 e a elevada freqüência de achados neurológicos leves fez com que a condição fosse designada como disfunção cerebral mínima. O primeiro relato de uso de estimulantes para o tratamento foi em 1937, mas tornou-se mais disseminado na década de 60. Em 1970 o problema foi rebatizado como distúrbio de déficit de atenção. Nas décadas de 1980 e 1990 o papel central ou a importância da inatenção está sendo questionado. Muitos pesquisadores acreditam que o déficit central possa estar no processamento entre informações aferentes e a resposta que é gerada, ou uma falha em inibir devidamente a resposta até que todas as informações sejam consideradas (Clínicas Pediátricas da América do Norte – vol 46 – nº. 5 out. 1999).

O aumento do uso de medicações estimulantes ocorreu no final da década de 1990 em particular medicações como o metilfenidato. Há relatos de uma maior prevalência de uso/abuso de substâncias que causam dependência nestes pacientes quando chegam à adolescência e idade adulta do que a população geral, contudo o uso de substância é mais freqüente em paciente que não fizeram tratamento com medicações estimulantes. Estudos epidemiológicos que usam critérios diagnósticos padronizados sugerem que de 3% a 6% da população em idade escolar (da alfabetização até o 2º grau) pode sofrer de TDAH (Diagnóstico e Tratamento do Distúrbio por Deficiência de Atenção /Hiperatividade em Crianças e Adolescentes – Goldman et al- JAMABrasil, julho1998 vol 2-Nº6). O TDAH pode se apresentar sob 3 formas:  com manifestação predominante  de hiperatividade ou de  déficit atenção ou a forma combinada.

A característica de déficit de atenção é muitas vezes confundida com distúrbios de dificuldade escolar, deficiência mental, falta de estímulo, dislexia entre outras, e em geral passa despercebida pelo educador e pais quando não tem uma perda significativa no rendimento escolar.

Já a hiperatividade chama mais a atenção, tanto em casa como na escola, por seu comportamento agitado, impulsivo e exuberante, o que acaba levando a uma procura maior dos serviços de saúde.

 

Drª Kellen R. Silva

Neurologista Infantil

CRM 93755

Autor

Dra Kellen Ribeiro Silva

Dra Kellen Ribeiro Silva

Neurologia Pediátrica

Especialização em neuropediatria no(a) FMB - UNESP.